2. Misako no Inferno...

O inferno,eu tinha apenas 5 anos quando tive coragem de abrir a porta daquele quarto escuro,tinha medo,pois a única coisa que ouvia era gritos de dor e sofrimento,quando abri a porta me deparei com um cenário em cinzas,parecia que o lugar ardia em chamas,eu simplesmente olhava para fora pensando no que poderia ser,e se no fim eu ficaria feliz,me sentia tão sozinha mas já havia me acostumado com aquele clima,simplesmente não me incômodava mais,Lúcifer me tirou para fora do quarto e me disse que já era hora da menininha crescer e sofrer,disse também que se surpreendeu com o fato de eu não ter mais medo de lá,afinal aquela era minha casa.Aprendi a matar,a torturar,sem piedade,passei meus dias com o ceifeiro que me alimentou com as almas dos mortos pecadores,forgei minha espada com a dor,sofrimento e ódio daqueles que ali viviam,tudo aquilo era parte de mim."Sim minha força está na solidão,não tenho medo do escuro,pelo menos não mais pois eu já faço parte dele.Lúcifer também me contou sobre uma menina que no caso era minha irmã,disse que aprendia com um tal de Deus,isso não me entereça,ele tentou cupala por tudo que sofri no inferno,não adiantou,nada nem ninguém manda em mim,não culpo ninguém pela minha solidão,ou pelos meus sonhos vazios,lamentar é inútil,aqui a luz não ousa chegar...tudo é noite dentro de mim,tudo é treva,a noite é longa,cheia de angústia,o dia nasce,o sol aquece o mundo mais não aqui,aqui é quente e frio,isso não se explica.

Uma vez o ceifeiro me levou para buscar a alma de uma menina que tinha se suicidado,perguntei para ela porque tinha feito isso e ela me disse:

-Porquê perdi alguém.

Eu lhe respondi com um:

-Aceitar as perdas não é fácil,seguir em frente,sem olhar para trás,muitas vezes é quaze improvável.

Eu não julguei,lembrei da minha mãe,apertei meu colar que estava em meu pescoço frio,fui castigada por Lúcifer,quando a solidão dói demais,quando as lembranças ainda são tão presentes,quando o adeus ainda ecoa em meus ouvidos,quando buscar culpados não ameniza a angústia,quando percebo que vivi uma ilusão,quando a única certeza é que tudo acabou,o que fazer?,como recomeçar a viver?,o único geito é cumprir a missão que me foi dada,mas e quando tudo terminar?,será que eu vou conseguir sobreviver?,ainda terei motivos para seguir em frente?,matar é meu própósito de vida,viverei do ódio dos outros.Oque eu sou?,pensava isso no dia do meu aniversário,isso mesmo já fiz 15 anos e depois de pensar nessa pergunta achei essa resposta:Eu sou um pouco de solidão e também um pouco de negligência,um punhado de reclamações.Mas eu não posso evitar o fato de que todos podem ver essas cicatrizes,a minha dor não tem voz,é feita de silêncio,e me consome por dentro.Estou indiferente,depois que nasci essa será a primeira vez que verei o lugar de onde vim,sim a terra,estou a caminho...